A violência psicológica é um fenômeno desprezível. As vítimas podem ser crianças, mulheres, homens, todos sem distinção. A violência psicológica não tem classe social, idade ou gênero. Infelizmente, existem vários tipos de violência, a lista é longa: violência física, verbal, sexual, econômica, negligência, religião,cultural…
Mas, eu gostaria de abordar a violência psicológica contra as mulheres no ambiente doméstico.
Apesar de viver em uma sociedade moderna, a violência psicológica ainda é considerada um tabu. O fenômeno está presente onde quer que ocorra; em casa, no local de trabalho e nas relações entre amigos.
Infelizmente, o abuso psicológico é menos evidente porque não deixa sinais físicos visíveis. Muitas vezes, as pessoas que tentam denunciar são consideradas fracas ou culpadas de isntigar a violência.
O Que é Abuso Psicológico?
“A violência doméstica representa toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de um membro da família.” SALIBA, 2007.
O abuso psicológico é real e não deixa sinais físicos. Mas, o resultado são os sintomas psicológicos profundos, ainda mais graves do que os físicos. Um sinal físico como um hematoma por exemplo, curará. Por outro lado, o abuso psicológico não apenas permanece mas também se agrava.
Como Aisha Mirza disse: “Não são os machucados no corpo que machucam. São as feridas do coração e as cicatrizes na mente.” Aisha Mirza.
A violência psicológica é uma série de comportamentos, que envolve denegrir, humilhar, insultar, violência verbal, silêncio pesado e maus-tratos em geral.
A legislação brasileira Lei Maria da Penha – Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (“Art. 132-Art. 7 ) Considera violência psicológica:
“II – a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;.” Quer saber mais sobre essa lei clica aqui.
Lamentavelmente, discussões podem acontecer. Como muitos seres humanos ter um momento de raiva e perder o controle ou ser invejosos, sucede, pois são pecados veniais. A violência psicológica é a escalada desses problemas.
Enfim, violência é quando o comportamento acontece várias vezes. Reverbera a ação sem motivos plausiveis constantemente. Além de reiterar, a ponto de causar preocupação e medos na sua vittima. Com o passar do tempo essa pessoa começa a sofrer de desconforto, mais tecnicamente chamado de trauma.
A princípio, a vítima cai na armadilha da violência psicológica e às vezes sofre sem saber o que está acontecendo. A pessoa que sofre agressão geralmente não percebe a situação em que vive. O agressor manipula e isola a pessoa para agir e atuar a de violência livremente. Ele se sente seguro porque tudo acontece no abrigo do teto familiar.
Quem é o Agressor?
O carrasco não responde a um estereótipo do vilão, do maníaco ou do louco. Aparentemente ele é uma pessoa comum, na maioria das vezes ele é gentil e educado. No entanto, quando o relacionamento do casal parece estável tudo muda. Ele tira a máscara e vira uma outra pessoa. A pessoa gentil e educada adota um comportamento diferente daquele que tinha no início do relacionamento.
A violência começa com os primeiros palavrões e gradualmente a situação se deteriora. Os maus tratos são mais frequentes, juntamente com as manobras de manipulação.
Normalmente a mulher não consegue entender o que está acontecendo. Em geral, ela se pergunta o que está sucedendo, se foi ela quem causou a briga ou justifica o sujeito; “ta cansado”, “trabalhou demais” e assim o tempo vai passando.
Por que a Vítima não Percebe a Gravidade da Situação ?
Geralmente, a vítima deixa passar os primeiros comportamentos ofensivos; ela pensa que é um episódio sem valor. Tragicamente, mais cedo ou mais tarde a vítima entra em uma espécie de espiral. Períodos de abuso e momentos de tranquilidade se alternam, alimentando frustação e esperança.
A violência ocorre em um relacionamento. A vítima sempre tem uma conexão emocional, admiração e respeito pelo agressor. O agressor explora a fraqueza da pessoa, que finge amar, para perpetuar o comportamento ofensivo.
“Os abusadores escolhem quem abusar. Eles não insultam, ameaçam ou atacam a todos na vida que lhes causa tristeza. Geralmente, eles mantêm seus abusos para os mais próximos deles, aqueles que afirmam amar. “
Por que é tão difícil se livrar da violência psicológica?
É muito difícil para uma vítima sair da situação de violência. Um ponto fundamental que nos bloqueia bastante é assumir 100% de responsabilidade pelo desastre do relacionamento. Isso ocorre porque o manipulador sempre faz questão de nos fazer sentir a causa de tudo; nós somos as culpadas por tudo.
Sentir-se culpada – Fazemos tudo para tentar remediar ou mudar a situação. Enquanto permanecermos ancoradas nessa dinâmica mental, sentiremos como se a culpa fosse nossa. Teremos uma autoestima tão baixa que correremos o risco de tropeçar nela quando caminharmos.
Esperança – Outro ponto importante é que queremos permanecer conectados porque pensamos que podemos mudar facilmente a outra pessoa. O manipulador certamente não admitirá ter problemas e nunca mudará e, acima de tudo, você não será capaz de fazê-lo mudar. É inútil tentar fazê-lo entender as coisas para induzi-lo a mudar, escapar dessa crença é realmente importante porque ele não vai mudar.
O problema financeiro – o dinheiro é um dos obstáculos que a vítima encontra. Quando a vítima não trabalha e depende financeiramente do agressor. Sabemos que esse é um problema delicado, mas você pode procurar ajuda. Você pode ir ao centro de apoio às mulheres, encontrar uma assistente social, informar a polícia. (Para saber mais clique nos links a baixo).
Preocupação com os filhos – Quando uma mulher que sofre de violência e tem filhos, é normal que ela pense no futuro de seus filhos e nas possíveis consequências das decisões que deverá tomar.
É possível resgatar da violência picicológica.
É difícil sair da hélice da violência, pois as vítimas geralmente vivem isoladas. Eles perdem a autoestima e não sabem para onde ir ou em quem confiar para pedir ajuda.
Outro motivo é que a vítima mantém a esperança que um dia ela receberá aprovação e que tudo será resolvido. Na realidade os maus-tratos aumentam. O reconhecimento nunca chegará. Quanto mais reconhecimentos for esperado menor a probabilidade de obtê-los.
Mediante um padrão distorcido o agressor alterna períodos de abuso e períodos de “tranquilidade”. Porque assim ele consegue manter a vítima sob seu controle. O que sustenta essa situação é a crença da mulher de que as coisas vão mudar. A mulher acredita que o seu agressor transformou-se. A expectativa de salvar o casamento aumenta durante esse intervalo de calma, quando o agressor está de bom humor.
Infelizmente, o comportamento abusivo é cíclico. Por um período as coisas podem ficar mais calmas, mas antes ou depois, o agressor aumenta a violência e estabelece o controle absoluto.
Violência psicológica causa danos físicos.
Vamos ver quais são as consequências. O organismo está intimamente conectado à mente. Quando a mente sofre, quando as emoções são negativas, o corpo geralmente fica doente, a doença é um sinal. Muitas vezes, é um sintoma de desconforto pessoal. Os danos relacionados ao trauma que uma pessoa abusada experimenta são de vários tipos.
Os sintomas são :
- dores de cabeça
- distúrbios cardíacos
- vitiligo
- distúrbios da pele, ossos
- dor nas articulações
- dor gastrointestinal
- ansiedade
- depressão
- agressividade
- insonia, entre outras.
Todos são sintomas potenciais de um drama; também são sintomas de uma situação estressante. O trauma psicológico, se não for tratado , pode levar a problemas muito mais graves, como um colapso nervoso.
A violência física é algo que deixa evidência física da violência sofrida. No entanto, o abuso psicológico é muito menos visível, mas muito mais doloroso, porque leva a pessoa ao esgotamento e a deixa completamente sem energia.
Alguns Contatos Úteis:
São Paulo Brazil
- Centros das Mulheres: Rua 25 de Março – Centro. Phone: (11) 3106-1100
- Brasilândia: Rua Silvio Bueno Peruche, 538 – Brasilândia. Phone: (11) 3983-4294 / 3984-9816.
- Segue esse link para encontrar telephones na tua cidade: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/assistencia_social/cras/index.php?p=1906
- https://www.gov.br/pt-br/servicos/denuncie-e-buscar-ajuda-a-vitimas-de-violencia-contr-mulheres
- https://www.mapadoacolhimento.org/
Reino Unido, UK
- Telefone para emergência: 999
- https://www.gov.uk/guidance/domestic-abuse-how-to-get-help#domestic-abuse-in-a-relationship-recognise-it
- https://www.gov.uk/guidance/domestic-abuse-how-to-get-help#domestic-abuse-in-a-relationship-recognise-it
- Scotland’s domestic abuse and forced marriage helpline
0800 027 1234- sdafmh.org.uk - Scottish women’s aid, 0131 226 6606, www.scottishwomensaid.org.uk
- Women’s aid federation (northern Ireland) 0800 917 1414, www.womensaidni.org
Italia
- I Centri antiviolenza di d.i.re, seguindo este link, localizando números de telefone da sua cidade: https://www.direcontrolaviolenza.it/d-i-re-tutti-i-numeri-telefonici-dei-centri-antiviolenza/
- A Associação oferece abrigo e assistência às vítimas: https://www.cadmi.org/
Portugal
- APAVI Victim Support https://apav.pt/apav_v3/index.php/pt/
REFERÊNCIAS:
- JusBrasil. “Lei Maria Da Penha.” Lei Federal n.º 11.340, de 7 de Agosto de 2006. Disponível em: https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/95552/lei-maria-da-penha-lei-11340-06, Acesso em: 10 de maio de 2020.
- Help Guide “Domestic Violence and Abuse, ”written by Melinda Smith, M.A. and Jeanne Segal, available at https://www.citizensadvice.org.uk/family/gender-violence/domestic-violence-and-abuse/ (Acesso em: 10 de maio de 2020).
- NHS, Disponível em: https://www.nhs.uk/live-well/healthy-body/getting-help-for-domestic-violence/, (Acesso em: 10 de maio de 2020).
- “Relazioni perverse. La violenza psicologica nella coppia” , Sandra Filippini, 2019, Italy, Franco Angeli.
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